Edicões Gambiarra Profana/Folha Cultural Pataxó




"Minha Poesia não usa vestes para se camuflar, é livre e nua" (Arnoldo Pimentel)

"Censurar ninguém se atreverá, meu canto já nasceu livre" (Sérgio Salles-Oigers)

"Gambiarra Profana, poesia sem propriedade privada, livre como a vida, leve como pedra em passeata" (Fabiano Soares da Silva)

"Se eu matar todos os meus demônios, os anjos podem morrer também" (Tenneessee Williams)

terça-feira, 7 de setembro de 2010

PASSOS NO QUINTAL (CONTO)




PASSOS NO QUINTAL

A madrugada já estava avançada quando foi despertado pelo pesadelo que
Infligia seu sono. O quarto estava iluminado por uma tênue luz do abajur na cabeceira ao lado da cama. Levantou-se, calçou os pequenos chinelos e caminhou para fora do quarto. O corredor estava escuro, mas conseguia enxergar a escada. Desceu devagar, degrau por degrau, ainda assustado pelo pesadelo que o despertou no meio da noite. Chegou na sala que também encontrava-se na penumbra e seguiu devagar, quase que tateando as paredes em direção à porta.
A noite estava fria e caía uma chuva fina. A porta foi aberta e o pequeno menino apareceu timidamente, sentindo o frescor na varanda, seus olhos estavam sonolentos e sua face deixava transparecer um certo temor. Caminhou lentamente para o quintal, ouvindo as vozes da noite que sussurravam seus temores, suas fantasias, sua esperança de alcançar a liberdade que está tão distante ainda. Parou no meio do quintal, próximo ao balanço, que viajava de um lado para o outro, empurrado pelo vento, e sentou-se na grama para brincar com as pedras sem importar-se com a chuva fina que molhava seu rosto. As pedras subiam e desciam seguidas pelo olhar e aparadas pelas pequenas mãos antes de tocar o solo. As pedras subiam e desciam levando-o sonhar através das estrelas escondidas pelas nuvens, pela chuva que refrescava sua alma. Deixou as pedras de lado, levantou-se e seguiu caminhando. O portão estava à sua frente, era só abrir e a liberdade da rua estaria inteira, vacilou um instante, imaginando que os monstros lá de fora, da rua, da vida, poderiam ser piores que os que habitavam seu quarto. Adormeceu no gramado, cansado de procurar uma saída, de ser prisioneiro do castigo no quarto escuro, habitado pelos monstros das histórias infantis feitas e contadas para ninar crianças, onde os pesadelos entravam com o vento pela janela

14 comentários:

  1. Bonito texto... às vezes por medo deixamos de fazer, dizer tantas coisas...

    Muito bonito mesmo, parabéns!

    Bjos,
    *Simone*

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  2. Que MARAVILHOSO meu amigo!!
    E que jóia linda teu blog!
    Belíssimo!
    Bea

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  3. Muito lindo o conto. Realmente fascinante...
    Adoro o teu blog. Parabéns!

    Bjos♥

    Nina

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  4. Vc me fez reviver meus tempos de menina, onde meu pai boêmio, saía pelas madrugadas com minha madrasta e eu dormindo ficava.Diversas vezes acordei e fiquei no portão a esperá-los por mais de hora, sentada na escada que saia à rua, enliada numa coberta.O guarda noturno passava e sabendo do ocorrido, me fazia cia.Bjus.Vou deixar um outro lugar onde escrevo muito mais coisas.

    http://recantodasletras.uol.com.br/escrivaninha/publicacoes/index.php

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  5. Me fez reviver a emoção, a sensibilidade de momentos que marcaram minha infância.
    Seu conto é lindo demais!!!
    Adoro seu trabalho, ele mexe com nossos sentimentos!
    PARABÉNS!!!
    Estou encantada pelo blog!

    Beijos.

    Marion

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  6. A dúvida entre buscar as emoções escondidas ou o aconchego do cotidiano. Um passo de cada vez. Um avanço hoje, outro amanhã, até que se possa alçar vôo e ganhar o infinito. Gostei.

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  7. Arnoldo,


    que maravilha! Acho que este é o primeiro conto seu que tive a felicidade de ler. É tão suave e nos remete a lembranças nossas. Interage com o leitor. Adorei.


    Obrigada pela bela partilha. Carinhoso beijo, amigo.

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  8. Há quem se entriteça ao pensar que o dia fica preso entre duas noites. Mas há quem se alegra pensando...que a noite é um repouso entre dois lindos dias.

    (Autor Desconhecido)

    Suave e belo amanhecer!Beijos...M@ria

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  9. Um quadro da infancia que nos leva a reviver.
    Linda a tua postagem

    Feliz fds.

    Bjs

    livinha

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  10. aah eu adoro te ler :)
    Otimo fds
    beeijo

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  11. Ah! poeta que escrita linda...
    Sabes, quando eu era criança, confesso morria de medo dos perdonagens das histórinhas que na época minha vó que gostava de contar...
    Fez-me resgatar minhas lembranças....
    Fique com Deus...ótimo domingo a tí com muitas histórinhas de amor, sem medos....
    Preciosa Maria

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  12. é isso ai e por ti vim aqui dizer que amei suas poesias são lindas, preciso de você no meu blog.

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  13. Depois voltamos ao tempo e vemos que os fantasmas que temíamos eram inofensivos. Excelente conto.

    Aguardo seu comentário sobre meu SONETO IMPERFEITO.

    Um abraço.

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  14. Obrigada pelas mensagens de incentivo e carinho, peloss selos. VocÇê disse para eu pegar todos, mas spi peguei dois e está ótimo para mim. Tneho novidades maravilhosas no meu blog. Confira! Ah e obrigada por divulgar meu blog.

    Um abraço.

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