Edicões Gambiarra Profana/Folha Cultural Pataxó




"Minha Poesia não usa vestes para se camuflar, é livre e nua" (Arnoldo Pimentel)

"Censurar ninguém se atreverá, meu canto já nasceu livre" (Sérgio Salles-Oigers)

"Gambiarra Profana, poesia sem propriedade privada, livre como a vida, leve como pedra em passeata" (Fabiano Soares da Silva)

"Se eu matar todos os meus demônios, os anjos podem morrer também" (Tenneessee Williams)

segunda-feira, 15 de abril de 2013

EDEN / JAMES



EDEN

Tenho amigos que viveram entre sem tetos.
Sei que aprenderam e ensinaram,
E o quanto ainda ensinam e fazem sorrir.

Houve um tempo
Em que a minha janta era sopa de legumes,
Eu almoçava e jantava sopa de legumes.
Todos os dias, durante quatro anos seguidos, foram assim.

Nem por isso eu deixei de gostar de sopa ou de legumes.
Nem por isso eu me sentia menor.
Sei que dali tirei muito coisa boa que até hoje existe em mim.

Numa noite eu queria ver,
As 2:30 da madrugada, o que existia
Ao Leste do Eden.
Trabalhei até as 2:00 da madrugada

Mas consegui ver o que existia
Ao Leste do Eden.
Acho que  James nasceu ali.

Arnoldo Pimentel

JAMES

Olho ao meu redor
Para ver quem eu sou e me encontrar
As árvores estão na paisagem
Com os galhos virados para o infinito
Assim como minhas mãos e meu coração
Em busca das benções de Deus
O rio percorre o leito estreito
No âmago do canyon
Para encontrar a liberdade a céu aberto na pradaria
Olho no meu interior
E vejo as pessoas que eu amo
E as pessoas que me amam
E vejo seus corações
Onde sempre estarei

Arnoldo Pimentel

domingo, 7 de abril de 2013

DANIEL NA COVA DOS LEÕES


Os quartos são pequenos
Não têm espaço pra quase nada.
O olhar que estava na janela
Nunca mais apareceu e nunca foi embora.

Com binóculos dava pra ver o Cristo
E ler Suas Palavras,
Mas não dava para ver o futuro
Porque o ônibus não parava na esquina

E do outro lado do rio os prédios são cinza,
As pessoas são vultos,
E as flores são artificiais.

Tem um farol que se esconde atrás das nuvens
Sempre que alguém chega à beira da praia
E olha o lago.

Arnoldo Pimentel