Bica da Mulata em Belfgord Roxo RJ
Márcio Rufino interpretando na peça Inspertor Geral na Praça de Belford Roxo RJ
Poeta Márcio Rufino na Casa de Cultura Sylvio Monteiro (Nova Iguaçu RJ)
HOMEM-PEIXE
Marcio Rufino
Pulou para fora do aquário
Rastejou no carpete
Procurou um mar imaginário
Sem que ninguém soubesse.
Rolou da escada
Querendo alcançar a rua
Chegou até a escada
Saiu embaixo da chuva.
Seguiu pegadas
Deixou vestígios
Descamou em estradas
De delírio.
Atravessou pistas
Chafurdou na lama
Prejudicou as vistas
Machucou as barbatanas.
Mergulhou em poças
Refugiou no cais do porto
Esbarrou em louças
Sem nenhum conforto.
Buscou um barraco
Um pedaço de vitrine
Uma peça de teatro
Um roteiro de filme.
Um conto
Uma canção
Ficou sem ponto
Sem noção.
Nada encontrou
Nem mesmo um tema
Só se encaixou
Neste poema.
Marcio Rufino
VOCÊ NÃO CONHECE TODOS OS MEUS VEROS
Autor Márcio Rufino
Você ainda não conhece os versos
que nascem na calada da madrugada fria
embaixo do cobertor.
Você não conhece os versos que nascem
quando sozinho, preocupado e sem graça
ando pelas ruas insossas de Belford Roxo
e vejo suas paredes descascadas,
seus comércios decadentes,
os adolescentes indo para a escola em bandos histéricos,
os homens nus da cintura para cima bebendo cerveja,
as mulheres carregando sacolas de supermercado,
as crianças brincando,
os muros pixados,
os terraços das casas perdidos entre as abóbadas das árvores,
o asfalto sujo e corroído de excremento de cavalo.
Você não conhece os versos que nascem
quando ao ouvir canções de amor
me derreto como o sorvete
que se derrete ao calor da língua,
pois somente nos meus versos
posso, quero e devo fazer amor,
não só com mulheres e homens,
mas também com crianças, bichos,
plantas, coisas, anjos, santos
e Deus muito além das orações.
Você não sabe que meus versos
querendo conquistar além de amizades
acabam saqueando corações e almas
e não conseguem saquear corpos.
É mais louvável, belo e heróico
saquear corações e almas,
mas meus versos, mesmo assim,
sentem inveja do versos que saqueiam corpos.
Eles também desejam as efemeridades,
as futilidades, as inutilidades, os escárnios,
as zombarias, os abusos, os excessos,
as orgias, as luxurias, o prazer.
Meus versos piratas
não querem o ouro,
não querem a prata,
não querem o euro,
nem o dólar.
Eles querem a bobeira, a palhaçada,
a maluquice, a brincadeira.
Portanto,
não me venha com seu falso equilíbrio,
seu cuidado, seu bom senso, seu "você há de convir",
seu "não é bem assim", seu "você tem certeza?",
seu "pense melhor", seu "você pode se arrepender".
Seu tudo aquilo que é a gaiola do mundo,
o cadeado do sonho,
a grade da vida
que quer encarceirar o céu
que pare a pomba branca da paz,
a terra que pare o lôdo,
o espelho que mostra a minha cara
parindo minha barba e meu bigode,
o sentimento que pare o gesto,
o pensamento que pare a palavra,
a natureza que pare a paixão.
É...
Você não conhece todos os meus versos.
Conheça um pocuo mais do trabalho do Márcio Rufino
Blog: http://emaranhadorufiniano.blogspot.com
Eu, Arnoldo Pimentel estou sendo entrevistado no blog da Anne Lieri, se puder faça uma visita e conheça um pouco do meu trabalho, desde já lhe agradeço, link abaixo