Edicões Gambiarra Profana/Folha Cultural Pataxó




"Minha Poesia não usa vestes para se camuflar, é livre e nua" (Arnoldo Pimentel)

"Censurar ninguém se atreverá, meu canto já nasceu livre" (Sérgio Salles-Oigers)

"Gambiarra Profana, poesia sem propriedade privada, livre como a vida, leve como pedra em passeata" (Fabiano Soares da Silva)

"Se eu matar todos os meus demônios, os anjos podem morrer também" (Tenneessee Williams)

terça-feira, 7 de outubro de 2014

MONTE ALEGRE



MONTE ALEGRE
Aos meus irmãos Cláudio Rangel, José Luiz, Fábio e nossos irmãos de infortúnio.

Na rua tinha uma espécie de sinalizador
A padaria ficava em frente a uma oficina mecânica
 E às vezes os tanques de guerra passavam por lá
Eu precisava saber a hora de atravessar a rua e pegar o ônibus à noite
Confesso que demorei um pouco para assimilar quando essa hora chegou
Durante uma tarefa de rotina nosso jeep capotou
O chefe da equipe dirigia o veículo e foi liberado
Nós fomos presos, o chão da cela era frio
As paredes pareciam nos espremer
Todos os relógios pararam
Só restou a vela acesa no canto
Que dava para o Monte Alegre
Não havia cobertor
Não havia cama ou colchão
Alguns dias não são esquecidos.