Edicões Gambiarra Profana/Folha Cultural Pataxó




"Minha Poesia não usa vestes para se camuflar, é livre e nua" (Arnoldo Pimentel)

"Censurar ninguém se atreverá, meu canto já nasceu livre" (Sérgio Salles-Oigers)

"Gambiarra Profana, poesia sem propriedade privada, livre como a vida, leve como pedra em passeata" (Fabiano Soares da Silva)

"Se eu matar todos os meus demônios, os anjos podem morrer também" (Tenneessee Williams)

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

A CASA DAS MORTES



 Eu tinha medo da Kombi azul
Quando ia à padaria comprar balas
Beirava os muros para esconder-me da Kombi azul
Eu tinha medo da Kombi azul

A sala de aula ficava vazia na hora do intervalo
Vazia como as vidas interrompidas
Como os corpos torturados, mutilados,
Com as almas penduradas pelo pescoço na sala vazia
Almas que nem o crucifixo usado pelo algoz absolvia

A professora não dava aula de democracia
Eu não sabia o que era democracia
O dicionário não tinha a palavra democracia

Uma vez eu estava com minha mãe em Nova Iguaçu
E vi os homens verdes com seus cassetetes
Perfilando e batendo em pessoas
No beco da Ducal
Eu tinha medo dos homens verdes
Dos capacetes da PE

Na estrada para Areia Branca
Tinha uma casa abandonada
Onde as árvores do quintal balançavam
Até em noites sem vento
Em noites sem lua
Em noites com lua

Parecia a casa das mortes
Eu tinha medo da casa das mortes
De olhar a casa das mortes
De entrar na casa das mortes
Eu tinha medo...
Da casa das mortes

Arnoldo Pimentel
 

16 comentários:

  1. Felizmente, esse tempo ficou para trás, mas os que foram torturados e aqueles cujos parentes jamais voltaram para casa, hão de lembrar-se para sempre da Kombi azul e dos homens de verde.

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  2. Vim ler-te e deixar um beijo de boa noite !!!!
    saudades de te ver por ai !!!!!
    fuiiiiiiiiiiiiiiiii

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  3. Arnoldo,engraçado falar disso! Quando somos crianças temos medo de coisas que não são boas e nem sabemos explicar porque.Criança tem intuição aguçada!Eu adorei esta poesia!bjs,

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  4. esse mesmo medo ando por ia disfarçado em outras cores hoje.

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  5. Tempos idos... sempre lembrados...

    Beijos e flores.

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  6. Engraçado, Arnoldo, como guardamos na alma, muitos medos da infância. Belo poema. Beijo!!!

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  7. Sabe..
    também aprecio bastante este tipo de poemas!

    Um forte abraço!

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  8. Estou aqui hoje por um motivo mais que especial.
    Tenho que dizer que não foi fácil conseguir você para ser meu seguidor,
    foi muita motivação impulsionando com postagens e visitas...que atingi 300 seguidores
    Agradeço te convidando a visitar a florada do IPÊ junto comigo no FOLHAS DE OUTONO !
    Deixo o meu abraço recheado de carinho !!!!!

    Read more: http://oceanoaazulsonhos.blogspot.com/2013/01/de-tudo-o-que-vida-me-ofereceu.html#ixzz2IhZANNO9

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  9. Tocante realidade que faz chegar até nós através da imponencia das suas palavras e da sua sensibilidade.

    Abraço amigo
    cecilia

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  10. adorei esse poema pois é muito legal ler algo em que nos indentificamos como rua bairos o cidade e ate lugares especificos adorei ficou demais me espirou muito essa odeia legal posso publicalo em meu blog sua criaçâo ? um abraço flavia mel

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  11. Recordações dolorosas transformadas em poema.
    Tocante e forte.

    Beijinho

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  12. Querida Poeta...

    Um Poema que nos revive na alma marcas de um tempo que não nos era explicado, mas sabíamos temerosos... Esse entendimento era para nós como sombras derramadas em nossa percepção, então o medo nos acolhia... Que bom que a "Kombi azul" e os "Capacetes Verdes" sumiram... Penso que algo lhes colou medo... A Democracia, a Consciência, a Liberdade!!!!
    Um grande abraço Arnoldo!

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  13. Trazem lembranças este seu poema, lembranças dos tempos em que o medo falava mais alto, medo do ir e vir, medo das sombras, medo dos olhares, medo do não poder expressar e ficar calado.
    Medo do futuro que ainda incerto era. Boa noite meu aigo tenha um abençoado domingo e beijinhos para ti.

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  14. Meu amigo venho agradecer sua visita também
    ler seus poemas que sempre gostei.
    Uma feliz semana,Evanir.

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  15. Ventos na Primavera
    Lindo ver o campo colorido
    Verde manto sobre a terra
    Espigado está o trigo!

    É a mais linda estação do ano
    Lindas estão as plantas floridas
    Perfumada a brisa sem propano
    Ao sol brincam as crianças divertidas!

    Você com medo da Kombi azul
    Essa Kombi metia assim tanto medo
    Sopra o vento de norte para sul
    Corre a água pelo vale do degredo!

    Desejo uma boa noite para você,
    amigo Arnoldo Pimentel,
    Obrigado pela sua visita,
    um abraço
    Eduardo.

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  16. vim te visitar amigo, saudades de ti. Belo texto, um dia feliz para você, hoje e sempre. bjks

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