Edicões Gambiarra Profana/Folha Cultural Pataxó




"Minha Poesia não usa vestes para se camuflar, é livre e nua" (Arnoldo Pimentel)

"Censurar ninguém se atreverá, meu canto já nasceu livre" (Sérgio Salles-Oigers)

"Gambiarra Profana, poesia sem propriedade privada, livre como a vida, leve como pedra em passeata" (Fabiano Soares da Silva)

"Se eu matar todos os meus demônios, os anjos podem morrer também" (Tenneessee Williams)

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

A BESTA DO APOCALYPSE




Talvez eu tenha pecado
Em não olhar o pranto antes de atirar
Eu sou um dos instrumentos
Do horror que existe aqui

Às vezes até sonho
Mas meus olhos se abrem
E me mostram as manchas vermelhas
Que deixo em meu rastro
E o pesadelo que irá me perseguir

Nunca poderei ter um lar
Pois aqueles que me cercarem
Também serão vítimas da dor
Que em todos os meus dias
E em todas as minhas noites
Irá se refletir

“Deus” me fez subúrbio
Sujo as mãos de sangue
Exalo o olor da morte
Para que os “Deuses” lá em cima
Possam sorrir

Arnoldo Pimentel

sábado, 15 de setembro de 2012

BALADA DO METRÔ QUE PARTE EM DIREÇÃO AO MAR ÁRTICO



Saio de casa e muitas vezes o sol nem raiou
O metrô está sempre lotado
Não há outro jeito
Passo a viagem olhando os nomes das estações
Pavuna, Inhaúma, Carioca, Cinelândia,
Até chegar Botafogo

O inferno verde ainda traduz
Frestas nos meus dias

As alamedas e as coreografias ainda são as mesmas
Pararam no tempo
Assim como a filosofia que as criaram

Os prédios tremem nas avenidas que percorro
Nas avenidas que me percorrem

Meus rastros não são de ódio
Meus ombros não são tão largos como o sol mostra ser
E aqueles que me seguem
Por mais que tentam não conseguem me ajudar
Quando contemplo meu mar

A porta do saloom está sempre aberta
E é ali que me escondo para tentar esquecer
Os rabiscos e as imagens que o tempo finge levar

Minhas armas nunca saíram do coldre
Mas meu coração sente que o Monument Valley
É tudo que deveria existir ao meu redor

Ainda ouço o alento que ecoa na pradaria
Mas já é tarde para traduzir o céu
Que se abre depois da chuva.

Arnoldo Pimentel 

sábado, 8 de setembro de 2012

SETEMBRO


O sol ainda não se pôs
E a brisa toca o rosto da praia
Perto dos coqueiros
E dos bancos que ficam do outro lado

Os olhos pensam que ficam
Mas encontram ilhas
Que estão lá atrás
Na manhã

Os retratos olham da parede
E dizem que estão ali
Que estarão sempre ali

Mesmo depois que o sol se por
Apesar do sinal
Que acende a luz

Visite e siga o blog do Grupo Gambiarra Profana, link abaixo, é só passar o mouse.


sábado, 1 de setembro de 2012

PONTES PODEM SER FEITAS DE AREIA


Eu gosto muito de olhar o outro lado da baía daqui
Escondido, pescando
É tudo tão iluminado
Os prédios, as luzes, a Urca
O pão de açúcar
Não me importo com o vento frio
Que chega pelo mar
Olho a garrafa de vodka
E sei que estou em boa companhia
Um dia vou descobrir “Por Quem os Sinos Dobram”
Sei que todos os dias eles dobram
Olho as nuvens que passaram
E lembro os "ventos" que deixam as praças vazias
Lembro a ponte que separa as vidas de Maria
Lembro Maria
No fundo 
Sempre haverá sinos
Sempre haverá a Urca
Sempre haverá Marias

Arnoldo Pimentel

Esse poema faz parte da Trilogia da Pescaria, são poemas inspirados no olhar durante uma pescaria que é retratada no conto “Pescaria”, se o amigo (a) tiver um tempinho leia os outros textos e dê sua opinião, ela é muito importante, abaixo os links, basta passar o mouse abaixo dos títulos.