Edicões Gambiarra Profana/Folha Cultural Pataxó




"Minha Poesia não usa vestes para se camuflar, é livre e nua" (Arnoldo Pimentel)

"Censurar ninguém se atreverá, meu canto já nasceu livre" (Sérgio Salles-Oigers)

"Gambiarra Profana, poesia sem propriedade privada, livre como a vida, leve como pedra em passeata" (Fabiano Soares da Silva)

"Se eu matar todos os meus demônios, os anjos podem morrer também" (Tenneessee Williams)

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

ÀS VEZES CHOVE LÁ FORA



ÀS VEZES CHOVE LÁ FORA


Ela parou em frente a livraria e entrou, sabia que o encontraria ali, mesmo tendo passado dois anos que não se viam, procurou com o olhar pelas mesas e não o viu, tirou o celular da bolsa e ligou, um dois toques e ele atendeu.

- Alô
= Oi, estou na livraria, você está onde?
- Oi, estou chegando ai, uns 05 minutos, sente-se e espere
= Ok, disse ela, desligou o celular, escolheu um lugar e sentou-se

Passaram-se alguns minutos, ele chegou ,  beijaram-se no rosto e ele sentou-se ao seu lado

- Como você está? Perguntou ele
= Estou bem, senti saudades suas e resolvi vir ver pessoalmente com está, sei que sempre gostou de ler um pouco aqui aos sábados pela manhã
- Você não esqueceu meus hábitos
= Vivemos três anos juntos, não poderia esquecer, principalmente os sábados que me deixava tão só pelas manhãs e vinha ler – disse ela sorrindo
- Mas você também gostava de ficar só algumas horas
= Sim, eu ainda gosto, o quem tem lido?
- Algumas coisas, sábado passado li “Rumo ao Farol” da Virginia Wolf mais uma vez
= Eu conheço esse livro, você não o acha um tanto solitário?
- É justamente por isso que o leio vez ou outra
= A Sra Ramsay  parece ser a pessoa mais solitária da história
- “Nunca alguém pareceu tão triste. Amarga e escura, a meio caminho nas trevas, sob o feixe de luz que fugia do sol para encerrar-se nas profundezas, talvez uma lágrima se tenha formado; e uma lágrima caiu; as águas agitaram-se de um lado para o outro e receberam-na, depois acalmaram-se. Nunca ninguém pareceu tão triste.” Esse é o trecho que mais amo no livro.
- Ela e a ilha onde fica o farol, metáfora da felicidade que ela via de longe e nunca tocou
= E onde está seu farol?
- Perdido no passado
= Não fui seu farol?
- Nunca fomos felizes, não lhe dei chance de ser meu farol, sempre fiquei muito distante
= Eu também penso que talvez eu nunca tenha passado de uma ilusão
- Ilusões existem, somem e voltam como nuvens, sempre estarão por perto e tão longe
= É, talvez seja isso
- Assisti “Setembro” do Woody Allen ontem, já assistiu?
= Não
- As pessoas podem estar juntas e muito distantes umas das outras, mesmo numa casa de praia um fim de semana inteiro, com sonhos que as misturam e as separam ao mesmo tempo
= Você está pra baixo
- Talvez eu esteja apenas esperando as horas passarem, enquanto caminho pelo bosque para atravessar a ponte
= Eu ainda procuro meu caminho
- Eu a vi semana passada numa galeria de artes
= Quem?
- Ela, que seria meu farol, nos amávamos tanto
=  Nunca me falou tudo sobre ela
- Sempre fui discreto
= Quanto tempo não a via?
- Uns 25 anos, ela ainda tem o mesmo olhar
= Se falaram?
- Ficamos apenas nos olhando entre os quadros
= Não se falaram?
- Apenas nos olhamos
= Nem uma palavra?
- Está chovendo, a praia fica linda olhando daqui, quando chove pela manhã

23 comentários:

  1. Deliciosas palavras.

    Saudades meu amigo...
    abraços
    oa.s

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  2. Bom dia meu amigo!
    Quanta falta vc faz né!
    Por onde andas?
    Faz tempo que te procuro,kkkkkkkkk,sabia!
    Agora vc chega arrazando com esse texto lindo...
    Estou feliz pela volta...vê se não some,tá...
    bjsssssssssssssssssssss

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  3. Palavras entristeceriam o poder dos olhares.
    Um grande bj

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  4. UM AQUASE AMOR DÓI MUITO MAIS QUE UM AMOR QUE EXISTIU PORQUE DO QUE EXISTIU SE TEM AO MENOS UMA SAUDADE ENORME PARA SE GUARDAR E CULTIVAR PARA SEMPRE BJS MEU POETA DIVINO PARABENS MARLENE

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  5. Que lindo... e intenso meu querido amigo...estes amores mexem demais com o coração da gente...
    Beijos...
    Valéria

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  6. Doi a possibilidade daquilo que esvaziou em algum momento...Mas, a dor verdadeira, penso, é porque procuramos no lugar errado...
    Gde abraço, em divina amizade.
    Sonia Guzzi

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  7. A intensidade do amor! Um texto levando sua marca. Boa noite Arnoldo!
    Aproveitando um tempinho livre neste final de noite para visitar alguns dos amigos e dar uma olhadinha nas novidades.
    Entro aqui em sua linda página assim como nas páginas de muitos dos amigos leitores bem menos do que gostaria, mas é sempre um grande prazer ao entrar.
    Uma linda noite para você.
    Ange.

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  8. Olha só que delicia ler um conto assim, nossa diz tanto, só olhares tudo tem seu momento certo, sua hora certa, passou deixamos passar, não soubemos reconhecer, não adianta voltar ao passado nunca mais será igual, beijos Luconi

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  9. Arnoldo,que delicioso texto nesse reencontro!Gostei demais de te ler!bjs,

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  10. O amor de verdade não morre... fica defumando....esperando...
    Pata ti:
    °º✿
    º° ✿✿♥ ° °º✿
    º° ✿✿♥ ° ·.
    Beijos floridos!!

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  11. Olá Arnoldo. Passando por aqui, para agradecer seu carinhoso comentário no blog star. Muito obrigada! Muito lindo seu texto. Muito envolvente, delicado. Desejo que vc tenha um ótimo fim de semana! Volte sempre muito me alegra sua visita. Grande abraço e bjos com carinho!

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  12. Quase amor e pior que o amor que se foi...
    Lindo texto!
    Saudades daqui

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  13. Meu querido amigo

    Um texto intenso que prende o leitor em cada palavras.

    Deixo um beijinho
    Sonhadora

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  14. Olá,Arnoldo!!

    Lindo texto!!Este seu lado eu não conhecia poeta!!
    O amor quando é verdadeiro não morre!
    E as vezes a vida dá uma segunda chance!
    Beijos!

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  15. Olá
    Que lida amigo
    Apaixonante...
    Musica, chuva e poesias
    As maiores maravilhas do mundo!!!
    Saudações Poéticas
    PS;adoro o nome desse blog

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  16. boa noite moço poeta, vim agradecer seu carinho no meu cantinho e me surpreendi em ver que meu comentário não ficou registrado aqui...
    me lembro que li seu conto e fiquei tão impressionada com a forma como ele me envolveu... um diálogo franco e direto em suas palavras e absolutamente carregado dos sentimentos mais fortes nas entrelinhas, amor correndo nas veias... (espero que agora registre...)
    Um beijo pra ti e uma semana de paz e amor!
    Su.

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  17. E a chuva sempre nos sendo alvo de romantismo e suspense....


    bjs meus

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  18. Palavras para quê? São necessárias?
    Um texto lindo que emociona, como me emociona a chuva em certos dias...
    Beijo
    Graça

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  19. Que belo conto, amar é sempre bom demais. Passando para parabenizar o grande poeta pelo dia de hoje. Uma linda noite para ti meu amigo. Beijos.

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  20. Oh! Conto gostoso!

    Adorei; abração,

    Rodrigo Davel

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