Edicões Gambiarra Profana/Folha Cultural Pataxó




"Minha Poesia não usa vestes para se camuflar, é livre e nua" (Arnoldo Pimentel)

"Censurar ninguém se atreverá, meu canto já nasceu livre" (Sérgio Salles-Oigers)

"Gambiarra Profana, poesia sem propriedade privada, livre como a vida, leve como pedra em passeata" (Fabiano Soares da Silva)

"Se eu matar todos os meus demônios, os anjos podem morrer também" (Tenneessee Williams)

sábado, 30 de março de 2013

OS QUE VÃO MORRER TE SAÚDAM


Remoção...
Remoção...
Balas de borracha, spray de pimenta,
Gás e porrada
No cidadão.

Arnoldo Pimentel

segunda-feira, 11 de março de 2013

VOCÊ DEVERIA SENTIR-SE FELIZ POR ESTAR NA CASA DO SENHOR




Você deveria sentir-se feliz
Por estar na casa do Senhor
Você olha as janelas, os vitrais
A neblina e vê
As árvores que se movem ao som do vento

Você vê que 
As lágrimas brotam no sol
E secam ao toque da fonte,
Semeiam sonhos que evaporam
E somem no horizonte

Ao redor da pirâmide
As línguas não se encontram
A nave promete levar
Ao planeta que fica mais longe

A esperança nem sempre alcança o destino
Muitas vezes por esperar
Ir além de onde pode chegar
Arnoldo Pimentel

domingo, 3 de março de 2013

LINHAS




Eu saio pelo portão
Fico na beira do caminho e ninguém vê
Do outro lado tem um córrego
Onde os peixes brincam
De construir um lar

Eu sei que o caminho do portão
Até o córrego tem árvores
E as sombras estão ali
Para que eu possa descansar

O corte está no meu corpo
E nada poderá tirar
É uma marca que ficará para sempre
E não importa mais
Porque a rodoviária fica bem perto
E todo hora sai um ônibus para o oeste

Já li tantos livros
E vi tantos filmes
Por isso sei quer Dardo tem seu lado da floresta
E ali os pássaros são livres

Eu chego perto da janela
E ela está fechada
Nunca está aberta

Mas olho pela vidraça
E vejo que do outro lado
Tem um Van Gogh
Um Van Gogh

E eu sei que por mais que eu queira
Por mais que eu queira
Eu nunca estarei ali

No fundo
O arqueiro é encoberto pela fumaça
E a liberdade não existe em nenhum lugar
Nem em Vênus
E só ler Nuvens
Ou ler as palavras
Do Livro que há séculos está em todos os bancos de madeira

O dia passa
E a noite vem
Por mais que a moto
Percorra a estrada beirando o muro
Da linha do trem.

Arnoldo Pimentel