Edicões Gambiarra Profana/Folha Cultural Pataxó




"Minha Poesia não usa vestes para se camuflar, é livre e nua" (Arnoldo Pimentel)

"Censurar ninguém se atreverá, meu canto já nasceu livre" (Sérgio Salles-Oigers)

"Gambiarra Profana, poesia sem propriedade privada, livre como a vida, leve como pedra em passeata" (Fabiano Soares da Silva)

"Se eu matar todos os meus demônios, os anjos podem morrer também" (Tenneessee Williams)

quinta-feira, 29 de março de 2012

ATIRE A PRIMEIRA PEDRA

Entrou pela porta
Que sempre está aberta
Sentou-se em um dos bancos de madeira
Bem no canto, lá no fundo
E ficou quieta de olhos fechados
Bem vendados
Até o final sem final
E saiu
Sem receber um abraço
Ou ouvir
“Seja sempre bem vida em nossa casa”
Mas no fundo sabia
Que não caminharia sozinha
Sob as pedras
Na névoa

Amigo(a) se ainda não teve a oportunidade de ler minha entrevista no blog da Anne Liere, visite o link abaixo. Passe o mouse que aparecerá o link logo abaixo.

http://recantodosautores.blogspot.com/2012/02/recanto-entrevista-arnoldo-pimentel.html

quinta-feira, 22 de março de 2012

JUDAS



Judas ainda sorriu
E nem era mês de abril
Ou hora do café

Mas tinha na mão
Um pedaço de pão
Que alguém lhe deu

Afastou para o lado
O prato de comida
Onde havia cuspido há pouco
Sem ninguém perceber

Virou as costas
Deixando o beijo na boca
E a fala rouca
Deixando atrás da porta
A cortiça, oca
Deixando a tristeza habitar
A casa que quis lhe amar

E o vento apenas balançou a forca
Onde ficará o remorso
Que irá sentir
Depois que de suas andanças
Acordar

Arnoldo Pimentel

quinta-feira, 15 de março de 2012

ENQUANTO NOSFERATU PERCORRE A PAISAGEM DA SALA QUE FICOU ESQUECIDA NO VENTO

          O silêncio da noite espalha as folhas tímidas caídas das árvores que quase escondem a pequena casa branca com portas e janelas verdes, no fundo do quintal, prisioneira do seu próprio isolamento.
         O branco gelo das paredes um tanto úmidas da sala, se mistura com o preto e branco do “Nosferatu” de Murnau , onde a solidão é o próprio ar que respira, o coração que percorre as lembranças, o olhar que vagueia pela paisagem e move a mão em busca da garrafa que está sobre a mesinha de canto ao lado do sofá.

Arnoldo Pimentel

 
Esse conto faz parte da “Trilogia da Casinha Branca” caso o amigo(a) tenha um tempinho leia os outros dois nos links abaixo

 

MURMÚRIOS DAS ÁGUAS (Link poderá não aparecer por causa da cor, é só passar o mouse logo abaixo e aparecerá)



QUINTAL (Link poderá não aparecer por causa da cor, é só passar o mouse logo abaixo e aparecerá)

quinta-feira, 8 de março de 2012

POR TRÁS DOS BROTOS DE BAMBU

Gambiarra Profana no Cineclube Buraco do Getúlio em Nova Iguaçu RJ

POR TRÁS DOS BROTOS DE BAMBU


Eu não consegui ver
Ficava sempre olhando as estrelas
Sem poder ver as luzes
E suas penumbras

Porque as janelas estavam sempre
Fechadas
Porque as cortinas estavam sempre
Amordaçadas pelo vento
Que não se importava com as janelas
Fechadas

E você sempre sorria no ponto do ônibus
Parecia estar me esperando
Parecia brilhar mais que as estrelas
Parecia esticar as mãos

Eu deixava de olhar
Não sentia o tempo passar
Sua voz se calar

Ficava ouvindo
No rádio de pilha
As canções de amor
Que não traziam você
Que não me mostravam você
Que camuflavam você
Para eu não conhecer

quinta-feira, 1 de março de 2012

POEMA DAS NUVENS

                     Gambiarra Profana no Teatro do Sesc Nova Iguaçu RJ 2010 




                               
                Lançamento do livro "Nuvens" na EM Heliópolis em Belford Roxo RJ

POEMA DAS NUVENS

As paredes são feitas de outono
E abrir a porta é deixar o inverno entrar
O inverno e seus acalantos
E seus mantos

Pode-se olhar pelos vidros das janelas
E ver as árvores desabitadas
Sobre as folhas secas que se perderam
Ao tentarem a sorte nas veredas do parque

Pelas ruas alguns edifícios ainda são cinza
E o vulto do cigarro se esconde atrás
Da cortina de olhos sem vida

Os bancos solitários da praça
Também ilustram a paisagem
Do pequeno poema das nuvens

Arnoldo Pimentel