Edicões Gambiarra Profana/Folha Cultural Pataxó




"Minha Poesia não usa vestes para se camuflar, é livre e nua" (Arnoldo Pimentel)

"Censurar ninguém se atreverá, meu canto já nasceu livre" (Sérgio Salles-Oigers)

"Gambiarra Profana, poesia sem propriedade privada, livre como a vida, leve como pedra em passeata" (Fabiano Soares da Silva)

"Se eu matar todos os meus demônios, os anjos podem morrer também" (Tenneessee Williams)

sábado, 28 de julho de 2012

BATMAN E O SUPER-HOMEM SÃO FRAGÉIS (Contos do bar)




            Já estava cansado de ouvir discos, já passavam das 19 horas e estava viajando nos discos desde as 10, entre latinhas de cerveja e goladas de whisky, rolou de Erasmo Carlos a Bob Dylan (o Dylan é foda, foda mesmo),  foi como assistir “Coração Satânico”,“Platoon” e “Laranja Mecânica”ao mesmo tempo, foi uma viagem na 66, desligou o som, jogou as latinhas no lixo, colocou o Chivas no armário e foi tomar um banho para sair um pouco e tomar uma cerveja no bar ali perto, na outra rua.
           O bar estava cheio, mesas ocupadas do lado de dentro, na calçada de fora e na calçada do outro lado da rua, embaixo das árvores, mas ele gostava mesmo de ficar no balcão, em pé, para olhar o movimento que existia no lado de fora, na rua. Aos sábados sempre rolava uma música ao vivo, era tudo que gostava, e o repertório era muito bom, só rolava coisa boa.

- E ai cara, o que vai querer? – Perguntou o barman.
- Uma cerveja, um conhaque e uma porção de carne seca com aipim.
O barman trouxe a cerveja, serviu o conhaque.
- A porção já vem.
- Tudo bem.
              Ficou por ali beliscando o conhaque e tomando a cerveja, enquanto o músico se preparava para cantar. A noite era quente e o natal estava próximo, faltavam dois dias,  a atmosfera natalina já tinha tomado conta das ruas, algumas crianças passavam com os pais nos carros, outras pelas ruas também com os pais, talvez vindo do shopping ali perto, mas nem todas as crianças tinham heróis, algumas tinham seus próprios heróis, seus próprios deuses.
              Ele ficou distraído bebendo sua cerveja, seu conhaque e saboreando seu tira gosto de aipim com carne seca enquanto a música ao vivo rolava e percebeu que algumas crianças estavam brincando por ali,  uma menininha de cabelos louros e olhos azuis tinha um Batman e um Super-Homem de plástico nas mãos, ele pensou no papai Noel, pois era tempo de natal, e aquela menininha estava indefesa mostrando para ele como o Batman e o Super-Homem são frágeis. Os pais das crianças que vagavam ali eram as tempestades, que poderiam estar em todos os lugares,  debaixo das árvores, de frente para o mar, de frente para ilha lá longe sem farol, do outro lado da rua tão deserta, um deserto tão ermo que não tinha nem esfinge para nos olhar, ou proteger as crianças, ou proteger o céu, ou proteger aqueles que pensam que existe céu, que acreditam no céu. As crianças estavam tão sozinhas que ele pode perceber o quanto papai Noel é frágil.Papai Noel é tão frágil quanto o Batman, o Super Homem ou o Poderoso Thor.
               As portas estão fechadas e as luzes logo irão se apagar. Papei Noel vai proteger as crianças sim, as crianças que estão em seus lares e não as que estão pelas ruas a vagar, para elas nem a porta da igreja se abrirá, nenhum céu existirá.

É tão triste ver crianças num bar.

Arnoldo Pimentel

Amigo (a) leitor (a) seja bem vindo (a),este conto faz parte da Trilogia Contos do Bar, são três de contos de minha autoria, todos passados na atmosfera do bar, se tiver um tempinho leia os contos e deixe sua opinião, ela é sempre muito importante. Os links e títulos estão abaixo, desde já agradeço a opinião e a visita.Basta passar o mouse no link abaixo do título.



JOHN


BÚFFALO


domingo, 22 de julho de 2012

QUINTO OUTONO


                                                   
Talvez tenha tido a chance de ser feliz
Mas nunca olhei as pegadas soltas
Os braços abertos
Os espinhos que ferem
O mar morto
Os passos lentos

Nunca foram ditas as palavras
Ensaiadas
Nas madrugadas frias
Dos meus pensamentos

Minutos de improviso
Horas de silêncio
Tempos de esquecimento

Anos de procura
Pelas ruas escuras
Pelas casas vazias
Pelos olhares esquecidos

Todos os dias

Arnoldo Pimentel

Visite a Folha Cultural Pataxó e leia o texto “Sala de Aula” de Cristiano Marcell
A Folha Cultural Pataxó é um zine e blog onde a prioridade é a Cultura e a Educação, onde também pode-se ler ótimos poemas. Se puder leia e comente o texto do Cristiano, sua opinião é muito importante pra nós. Link abaixo, basta passar o mouse.



domingo, 15 de julho de 2012

NUVENS



Eu só queria poder olhar
E ver o céu
Ver as luas que passam
E olham

Ouvir a poesia das nuvens
Quando choram
Para dizer
Que eu não preciso olhar

Para sentir o que foi desenhado
Lá meio do mar
Onde as grutas escondem as luzes azuis

Que enfeitam as minhas palavras
Escritas com giz
Para não serem apagadas

Arnoldo Pimentel

Este poema é parte integrante do Livro Nuvens, para adquirir acesse:
Blog     gambiarraprofana.blogspot.com


Amigo(a) visite o link abaixo e leia a segunda parte da minha entrevista ao Poetas de Marte, desde já agradeço a amizade.


domingo, 8 de julho de 2012

SE AS FOLHAS AINDA FOSSEM VERDES...


SE AS FOLHAS AINDA FOSSEM VERDES...

O violão estava pendurado nas costas, talvez fosse sua única companhia, sua única amizade, seu alento nas horas que queria ficar só, às vezes olhando a chuva do celeiro, às vezes sentido a noite emaranhar-se com seus tormentos. Entrou na sala onde havia um homem sentado no sofá fumando um cigarro e observando a fumaça perder-se no tempo com sua gaita sobre o braço do sofá.

- Está na hora meu pai.
- Hora de que filho?
- Minha hora de partir, de buscar meu próprio rumo.
- Você é muito jovem ainda.
- Eu sei me cuidar pai.
- Não duvido disso, mas aqui é seu lugar.
- Meu lugar é lá fora pai.
- Seu irmão é mais velho que você e não deixou nossa casa.
- Sou diferente pai, preciso ganhar o mundo.
- Ganhar o mundo com seu violão?
- Com minha música e meus sonhos.
- Não vou te prender filho, não iria adiantar, você seria infeliz.
- Sou um andarilho pai, o mundo é minha casa, minha música minha vida.
- Não vai se despedir do seu irmão?
- Melhor não, ele não me entende.
- Vai voltar um dia?
- Não sei,  adeus pai.
- Quer levar a gaita?
- Não, ela é sua,
- Você é muito bom, ela lhe fará bem.
- Melhor não meu pai, melhor eu ir logo.
- Adeus filho.

Ele virou as costas, caminhou até a sala, abriu a porta e partiu. O pai ficou sozinho, acendeu outro cigarro, deu um trago, colocou sobre o cinzeiro, pegou a gaita e desistiu de tocar, ficou lembrando sua esposa que já era falecida há algum tempo, talvez desde então seu filho mais novo tenha começado a sentir vontade de partir, de seguir seu rumo, ouviu o portão de madeira fechando e preferiu não olhar e vê-lo ir embora, no fundo queria muito que ele fosse feliz.

O ônibus encostou na parada, um posto de estrada, o homem desceu degrau por degrau pela única porta do veículo, tinha barba de uns cinco dias, vestia calça jeans, jaqueta jeans por cima da camisa branca, chapéu e botas, tudo um tanto surrado pelo uso, nas mãos um violão e uma pequena mala, entrou no bar e foi até o balcão, colocou a maleta e o violão num banco e sentou no outro.

- Uma cerveja e algo para comer, por favor.
O barman abriu a cerveja, trouxe algo para comer.

- É novo na cidade?
- Pode-se dizer que sim.
- Se está procurando trabalho como músico, por aqui é difícil.
- Eu sei.
- O senhor não fala muito.
- Não, quase não falo.
Ele terminou a refeição, pagou, pegou seus pertences, saiu do bar e seguiu pela estrada, caminhando devagar e assoviando uma música, a mesma que tocava com a gaita de seu velho pai.Caminhou uns trinta minutos até que parou em frente a um portão, o portão que ficou para trás havia muito tempo. Murmurou para si um poema que veio imaginando no caminho.

                                                       
Aqui eu não me sentia bem
Tudo era tão difícil
A estrada era de poeira
Às vezes ventava tanto que eu tinha que me esconder
Dentro da geladeira
E nesses momentos eu só queria ir embora
Agora fico olhando aqui do lado de fora
E não sei se devo abrir o portão
Só em ver a varanda tão cheia de flores
De amor e de vida
E paz a reinar
Tenho medo que não me abracem
Que não me recebam bem
Por causa da saudade



 Ficou ali parado alguns minutos e por fim abriu o portão e entrou, foi vencendo a distância entre o portão, (o mesmo portão que ficou para trás havia muito tempo, o mesmo portão que viu seu vulto e seu violão desaparecerem na estrada) e a porta da casa que estava fechada, bateu e ouviu uma voz vida de dentro

- Já vai
A porta se abriu e um homem um pouco mais velho que ele apareceu
- O que faz aqui depois de tantos anos? Perguntou o homem
- Voltei para rever meu passado e tentar encontrar meu futuro – Respondeu
- Quem é? Disse uma mulher lá de dentro
- É meu irmão – Respondeu o homem da porta
A mulher apareceu junto a porta, também era um tanto mais velha que ele
- Eu sou esposa do seu irmão, ele fala muito pouco de você – Disse a mulher
- Eu compreendo – Respondeu
A mulher virou-se para o homem que estava na porta e disse:
- Não vai convidar seu irmão para entrar, para conhecer a família, conhecer nossos filhos?
O homem virou para ele e disse:
- Entre, já faz tanto tempo que nem o conheço mais – Disse o homem
- Sim, faz muito tempo – Respondeu e entrou na sala
- Sente-se – Disse o homem agora dentro da casa
Ele sentou e colocou o violão e a pequena mala no chão, ao lado do sofá.
- Eu vou chamar as crianças e terminar o jantar – Disse a mulher
Ela subiu a escada para os quartos e chamou os filhos que desceram correndo e abraçaram o tio distante, tio que nunca tinham visto, além de antigos retratos.
- Tio você veio de longe? - Perguntou o menino de uns oito anos
- Sim, vim de longe, do outro lado da montanha.
- Nós te amamos, papai só fala de você as vezes,só quando perguntamos, mas nós te amamos - Disse a menina de uns seis anos.
Ficaram na sala se conhecendo até que o menino disse:
- Toque o violão.
Ele pegou o violão e ficou ali tocando, cantando algumas músicas, a voz já não era a mesma, mas ficou ali tocando e cantando seu passado.
- Pegue sua gaita e toca pro tio - Disse a menina
O menino subiu e desceu a escada correndo e trouxe a gaita, o homem pegou e reconheceu a gaita de seu pai.
- Toca pra mim - Disse ao sobrinho
O menino tocou, e riu e tio chorou.
- Está triste? - Perguntou a menina
- Não, estou lembrando do meu pai, avô de vocês, que também tocava gaita.
- Essa era dele, papai me deu quando vovô morreu - Disse o menino
E ficaram os três ali a conversar, enquanto seu irmão e a esposa preparavam o jantar.
Chegou a hora do jantar e foram todos para a mesa, quando terminaram a mamãe falou para as crianças se despedirem do tio e irem pra cama.
-Mãe eu posso fazer um desenho e pintar no quarto antes de dormir, para mostrar o tio amanhã?
- Pode sim, agora se despeçam do tio, subam e orem antes de dormirem. - Disse a mãe.
- Até amanhã tio - Disse a menina
- Você vai morar com a gente? - Perguntou o menino.
- Ainda não sei, mas amanhã a gente vai passear, agora vão se deitar.
As crianças subiram correndo e felizes.
Os três adultos ficaram na sala e a mulher falou.
- Seria bom você ficar conosco, sempre tem lugar.
- Eu pretendo ficar, se puder
- Hoje você dorme na garagem, vamos lá arrumar, amanhã a gente resolve - Disse o irmão
- Até amanhã - Disse para a cunhada.
- Até amanhã.

Os dois irmãos saíram da casa e foram para a garagem, entraram e ele disse ao irmão mais velho:
- Eu tentei a vida na música
= E então?
- Minha experiência não foi das melhores
= Mas, e sua música?
- Isso é só um detalhe
= Não quer falar?
- Melhor não
= Drogas? Foi isso?
- Eu só quero recomeçar
= Depois de tanto tempo fora?
- Eu preciso
= Tantos anos, acha pouco? Há sete anos que não liga
- Era melhor não ligar
= O pai se foi a dois anos, esperando você entrar pela porta
-  Eu não tinha como voltar
= E agora volta esperando sorrisos
- Não espero sorrisos, apenas uma chance
= Você não é um bom exemplo de vida para meus filhos.
- Eu sei, mas preciso ter uma família, preciso acreditar na vida.
= Desde que seja longe daqui, o ônibus parte as cinco e trinta da manhã, lá do posto.
- Não tenho chance?
= Estou pensando no bem dos meus filhos, você é um andarilho, seu lugar não é aqui, você não faz parte da minha família, desde que saiu pelo portão para seguir seus sonhos e nos deixou, eu e o pai sozinhos.
- É um adeus?
= Adeus

Antes  do galo cantar sentiu que teria mesmo que partir, saiu da garagem, chegou ao meio do quintal, olhou para trás e viu a casa que deixaria mais uma vez, dessa vez para sempre, não fazia parte dali, talvez nunca tenha feito mesmo, enquanto caminhava até o portão foi criando um poema.

Ainda não ouvi o galo cantar
Mas confesso que tenho medo
Do que poderá vir, fico confuso
Só em pensar como a lua irá dormir hoje

As estradas irão aparecer do nada
Mas só poderei seguir uma
A estrada do meu destino
E não sei se estarei pronto

Para levar aos ventos
O Amor que conheço
Para falar desse Amor
Que não mereço

Minha fragilidade está à flor da pele
Acho que ficarei à beira mar
Ficarei por horas
Para tentar descobrir
Se poderei mesmo ser um pescador

Saiu pelo portão e seguiu a estrada que o levaria até o posto, onde chegou na tarde passada, parou na pequena ponte sobre o córrego, olhou as águas claras que seguiam o caminho, resolveu descer para sentir o córrego de perto, desceu, abaixou e tocou a água limpa, nesse momento pensou umas palavras que mostravam um pouco do que estava sentido, do que viu além das águas do córrego.

VÁCUO DENTRO DO CÓRREGO

Olhando de longe parece
Não existir fronteiras
Toda a paisagem é maquiada com flores
É de perto que se vê
O vácuo dentro do córrego
Os versículos do mesmo capítulo
Que não se juntam
O amargo dos sorrisos
As rugas que se multiplicam
Os fuzis que atiram em silêncio
Os muros que se levantam
Os vivos que se tornam mortos

Entrou no ônibus levando a mala e o violão, sentou num lugar junto a janela,  esperando a hora do ônibus partir, enquanto isso ficou imaginando, olhando, tentando descobrir  onde está escondido o horizonte ausente, tentando descobrir quando os melhores anos de sua vida iriam lhe reencontrar. O ônibus partiu pontualmente as 5:30, ainda de madrugada, ele olhou a paisagem em movimento e falou para si mesmo:

- “Eu sei que meu olhar percorre apenas estradas vazias”

Eram sete da manhã quando a mãe, um pouco entristecida foi atender os filhos que chamavam na sala.

- Mãe – Disse a menina, que estava ao lado do irmão que tinha a gaita na mão.
- Sim, mamãe está ouvindo.
- Olha o girassol que desenhei e pintamos juntos pro tio, será que ele vai gostar?
- Mãe
- Oi filho
- Diz onde o tio está?

Arnoldo Pimentel

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Poesias Escondidas no Quintal dos Meus Dias (Livro de Rosilene Jorge dos Ramos)


POESIAS ESCONDIDAS NO QUINTAL DOS MEUS DIAS


Hoje faço uma homenagem a minha amiga do Grupo Gambiarra Profana e da Folha Cultural Pataxó, cujos blogs podemos encontrar trabalhos da Rosilene. Sempre amiga, tenho muito a agradecer a Rosilene a apresentação do meu livro Nuvens. A poesia da Rosilene já diz por si só o grande talento que ela tem.



Rosilene Jorge dos Ramos, nasceu no dia 30 de junho de 1978 no bairro São Cristovão, cidade do Rio de Janeiro, mas foi criada na Baixada Fluminense, morou em São João do Meriti RJ, estudou em Nilópolis RJ e andou muito por Nova Iguaçu RJ, hoje mora em Casimiro de Abreu RJ, onde atua como professora da rede municipal onde vive e do município de Macaé RJ.
Participa da Folha Cultural Pataxó e do Gambiarra Profana. Em 2000 teve algumas poesias de sua autoria publicadas em um livro coletivo, intitulado “O Pão e a Fome”.
“Poesias Escondidas no Quintal dos Meus Dias” é o primeiro livro de poesias de Rosilene e é editado pela Gambiarra Profana/Folha Cultural Pataxó.


ADORNO

Hoje pus flores no cabelo.
Não imaginava causar tanto frisson.
Olhares desviados,
Elogios delicados,
Sorrisos frouxos em minha direção.

Hoje só pus as flores no cabelo
Para dizer que o inverno chega,
Que a primavera não acaba,
Que é preciso parar de chorar.

Hoje pus flores no cabelo
Para secar as lágrimas,
Sorrir com o outro,
Comemorar o sonho,
Espalhar sorrisos,
Dizer que há dias bons.
Hoje pus flores no cabelo
E de maneira simples
E não intencionada
Denunciei o que está em mim.

EU E OS OUTROS, OS OUTROS MAIS EU E UM OUTRO EU

O olhar do outro me reprova.
O olhar do outro me incomoda.

Que merda são os outros!

Todos os olhos
Censuradores, acusadores, nunca culpados.

Os outros sempre fodem com agente.
E eu, enquanto outros, também fodo com os outros?

E se fosse só eu...
Como seria eu?
Haveria um eu?
Eu existiria sem os outros?

EM DOIS

Dividiram-se ao meio desde que nasci:
Olhos do pai, a cara da mãe.

Um corpo e uma alma.

Negaram-me a alma.
Disseram que não era minha.
Destituíram meu corpo.
Disseram que não prestava.

A alma tinha de voltar para o dono
E o corpo devia morrer
Para salvar a alma que prestava,
Mas que nunca me pertenceu,
Nem me pertenceria.

O que sou então?
Um corpo sem alma?
Uma alma sem corpo?

O que sobra para sentir?
O que sobra pra saber?


Para adquiri o livro “Poesias Escondidas no Quintal dos Meus Dias”
Da Rosilene Jorge dos Ramos entre em contato: passe o mouse abaixo e aparecerá o link.