Edicões Gambiarra Profana/Folha Cultural Pataxó




"Minha Poesia não usa vestes para se camuflar, é livre e nua" (Arnoldo Pimentel)

"Censurar ninguém se atreverá, meu canto já nasceu livre" (Sérgio Salles-Oigers)

"Gambiarra Profana, poesia sem propriedade privada, livre como a vida, leve como pedra em passeata" (Fabiano Soares da Silva)

"Se eu matar todos os meus demônios, os anjos podem morrer também" (Tenneessee Williams)

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

LIBERTA (Silviah Carvalho)


LIBERTA
Autora: Silviah Carvalho (http://umcoracaoqueama.blogspot.com)

Descobri que o centro da angustia... Onde estive!
Não foi o lugar onde você me pôs e me deixou,
Neste lugar de aprendizado eu fui fortalecida,
Aqui deixo tudo que me afligiu a vida.

Renovada, fecho os olhos, estendo a mão,
Procurando a força de um abraço,
Uma chama que não se apague,
Presa em outro coração.

Eu acredito numa fonte eterna que jorre amor,
E anseio por beber desta água...
Pois vejo o sol brilhar através da chuva,
E sinto meu coração bater sem nenhuma dor.

Encontrei o caminho das flores - a realidade.
Por ela paguei com vigilância e temor,
Desci ao vale da purificação e renúncia,
E lá descobri que eu tenho valor.

Que a vida mostra os caminhos,
Mas, eu decido qual seguir...
Que dos erros surgem as circunstâncias
E que, sou responsável até por minhas esperanças.

Vi que, há razões para toda atitude ou ação,
Mas, não devo me martirizar se não as descobrir,
Sou livre, deixo a vida seguir com naturalidade,
Meu coração descansa na plenitude da liberdade.

domingo, 26 de setembro de 2010

FABIANO SOARES DA SILVA (Homenagem ao Poeta e Amigo)




Fabiano Soares da Silva é poeta fluminense, professor e produtor áudio-visual.Possui uma poesia sem paradeiro, à beira da marginalidade literária e da sensualidade desvenda seu verdadeiro amor pela poesia.

LIVROS
Evanto da Vida 1995
Et Coetera 1996
Fonte da Rosa 1996
Poema Pequeno 1997
Agridoce 1999
O Que da Poesia 2000
Pedras E Poesia 2001
O Pão e a Fome 2002
Se Eu Te Disser um Poema 2003
Ferrugem no Papel, na Alma e no Ar 2004
Da Sala de Aula ao Olho da Rua 2006
Pequeno Livro de Poemas 2009
A Borboleta Azul, a Mariposa e o Gafanhoto 2010

ZINE
Pataxó Folha Cultural

GRUPOS DE POESIA
Gambiarra Profana
Pó-de-Poesia

BLOG
http://fabianopoe.blogspot.com

BLOGS PARCEIROS
www.myspace.com/gambiarraprofana
http://gambiarraprofana.blogspot.com
http://po-de-poesia.blogapot.com

GAIVOTA DE PAPEL
Autor: Fabiano Soares da Silva

Te escreverei um poema
Talvez para te pedir desculpas
Por não depor a teu favor
Pois contra o vento a vida nos leva
A favor de nossas histórias
Que começam e terminam aqui e ali,
Nos Andes ou nas cataratas dos rios do sul,
Talvez ainda no norte ou nordeste,
Toda menina tenha um sorriso tão lindo
Quanto o teu, talvez também tenha alegria
Como a que você esconde nos livros
Em palavras perdidas de cadernos solitários.
Não creio que elas, as palavras
Se esconderão por muito tempo.
Elas crescerão e não poderás mais escondê-las
Como não podes a ti se esconder do mundo.
O que posso depor a teu favor?
Apenas, que você não tem culpa de ser a mais bela
Que as flores que nascem livres

BUEIRO SEM TAMPA (Poesia dedicada a Fabiano Soares da Silva)
Autor: Arnoldo Pimentel

Eu quero sorrir
Ao invés de chorar
Não lamentar
O que passou

Não acreditar
No paraíso prometido
Que tentaram
Me ensinar

Não me prender
Ao passado
Ingrato
De ter que atirar pedras

De ter que tentar
Sobreviver
Fingir que era feliz
Para poder renascer

Visite os blogs parceiros dos grupos que participo

www.myspace.com/gambiarraprofana
http://po-de-poesia.blogspot.com
http://gambiarraprofana.blogspot.com
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http://galeriadeartesbutterfly.blogspot.com

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

TERRA ENCANTADA (Arnoldo Pimentel e Luciene Lima Prado)


TERRA ENCANTADA

Terra encantada,
Sem sombras na parede,
Singelamente enfeitada,
Tendo os sonhos como enfeites.

Diante de tanta graça,
Sempre esperarei a aurora;
E ao erguer minha taça,
Cobrirei de flores o mundo afora.

Eclode-se meu pensamento,
Na lindeza deste momento;
Realidade e fantasia em oração
Em cada canto da minha visão.

Em cada canto uma ilusão,
Que um dia poderá ser real,
O carinho de um dia de sol,
Borboletas colorindo o arrebol

terça-feira, 14 de setembro de 2010

TEMPO QUE SE FOI (CONTO)


TEMPO QUE SE FOI

O dia amanhecia com o sol tocando as folhas verdes das árvores, acariciando as flores que enfeitavam a entrada da varanda. Folhas e flores dançavam levemente levadas pelo vento que chegava junto com o sol, alegrando a manhã desse novo dia.
Chegou como se fosse do nada, abriu a porteira de madeira e foi entrando pelo quintal sem prestar atenção nas folhas e nem nas flores que dançavam levadas pelo vento. Caminhou até o tanque e serviu-se de água fresca e nem mesmo percebeu o olhar do menino que acompanhava pela janela os seus passos. Tirou o chapéu e bateu na roupa com força para tirar a poeira que acumulou durante a caminhada. O menino saiu da janela, atravessou a sala, abriu a porta e foi caminhando pela varanda ao encontro do estranho, desceu os degraus e foi passo a passo até o tanque onde o estranho estava parado olhando a simples casa. Olharam-se por alguns minutos sem falar nada, até que o estranho quebrou o silêncio.

- Você mora aqui?
+ Sim – respondeu o menino com voz tímida e baixa
- Não vai me convidar para sentar nos degraus da varanda pelo menos?

O menino acenou que sim e caminharam para a varanda em silêncio e sentaram-se nos degraus.
+ De onde você vem? – perguntou o menino
- De terras de meu Deus, onde andei fugindo de mim mesmo
+ Conheço seu rosto de algum lugar e não sei de onde
- Talvez de algum retrato antigo ou algum sonho esquecido

Os dois ficaram em silêncio observando as aves que cortavam o céu, cortavam o tempo voando de encontro a novos, antigos lugares, paisagens remotas, ou cortando os horizontes sem destino, apenas cortando o silêncio com suas asas.

O estranho fitou a cerca por um momento e disse:
- Já vivi aqui
+ Onde? Aqui?
- Sim, há anos atrás
+ E por que foi embora?
- Talvez por não acreditar na vida
+ Na sua vida?
- Em tudo
+ E o que fez esses anos todos?
- Andei por ai, sentindo o vento da solidão
+ Tem filhos?
- Sim, mas não me conhece
+ Mas talvez ele possa sentir você, sentir sua falta
- Ninguém sente falta daquilo que não conhece
+ Talvez sinta e você nem mesmo sabe o quanto

O estranho ficou um pouco distante, pensativo
+ Preciso regar o jardim
- Tem alguém além de você em casa?
+ Minha avó, ela está doente, não tem muitos dias, diz que logo partirá
- E sua mãe?
+ Partiu pro céu
O estranho calou-se, ficou quieto, entristecido e de seus olhos nasceram pequenas e sentidas lágrimas e por fim falou:
- Vamos regar o jardim

Os dois ficaram ali um bom tempo regando o jardim, depois ficaram caminhando pelo quintal, passos leves e lentos, sentindo o calor do sol em seus rostos e de repente o estranho falou:
- Preciso ir
+ Pra onde vai?
- Sem rumo, seguirei meu destino
+ Fique
- Acho melhor não
+ Por que não?
- Tenho lembranças do tempo que não vivi, que perdi
+ Poderá recuperar
- Não há o que recuperar
+ Não me esqueça
- Nunca te esquecerei, adeus

E assim o estranho foi caminhando em direção a porteira, colocou o chapéu, abriu a porteira devagar e saiu do quintal seguindo rumo ao horizonte sem fim, rumo a sua própria solidão. O menino ficou olhando um tempo, sentindo um aperto no coração, virou as costas e entrou na casa para ver a avó, que observou por alguns momentos, pela janela do quarto e voltou a deitar-se. O menino entrou no quarto, chegou perto da avó e falou:
+ Conheço o estranho de algum lugar e acho que sempre senti sua falta
= Olhe o retrato na cômoda do seu quarto, aquele que nunca prestou atenção
O menino saiu e foi ao seu quarto, olhou o retrato e voltou
= Quem são no retrato?
+ Minha mãe, o estranho e eu criança no colo de minha mãe
= E agora sabe quem ele é?
+ Sim
= Quer ir atrás dele?
+ Não
= Ficará sozinho, não tenho muitos dias de vida
+ Mas tentarei ser assim, sozinho
O menino saiu do quarto da avó, atravessou a sala e debruçou-se na janela e ali ficou olhando a distância que o separou do futuro e do estranho.

sábado, 11 de setembro de 2010

ANTES DA CHUVA/DEPOIS DA CHUVA

SELOS
1- portaldabruxa.blogspot.com
2-portaldabruca.blogspot.com
3-cynthiadayanne.blogspot.com
4-vanuzapantaleao.blogspot.com
5-doce-meio-amargo.blogspot.com
6-heidykeller.blogpot.com

Recebi estes selos dos blogs acima e ofereço a todos os amigos visitantes
REGRAS
1- Postar o selo
2- Se puder visitar o site do selo
3- Comentar as poesias abaixo, razão do meu blog existir, peço sempre que leiam e cometem, pois muitas vezes na alegria de receber o presente esquecemos a poesia e nós poetas sabemos como é importante uma visita e um comentário.

                             ANTES DA CHUVA

Acho que olhei a lua de forma diferente
Com olhos ausentes
E não percebi que havia uma fresta de luz
Que iluminava o canto onde eu estava

Talvez a lua tenha virado o rosto naquele momento
E deixado de mostrar o sorriso
Que pintaria em cores, mesmo listradas
Assim meio apagadas
A casa onde nasci

Quem sabe a lua não quis me ver assim
Com o rosto empoeirado
Pelas sobras dos dias que não vivi

Talvez a lua tenha sentido o frescor do vento
Que chega escondido por trás da serra
Trazendo a chuva que semeará os campos

A chuva que semeará meus sonhos
Sonhos de poder correr pelos campos
Abraçar os lírios brancos
Cantar um novo canto

Sonhos de entrar em minha casa
E amar os pingos coloridos da chuva pela janela
Sonhos de plantar a liberdade
Plainar pelas montanhas da minha mocidade
Sonhos de amar a minha vida de verdade

Talvez a lua tenha virado o rosto para não olhar
Meus olhos iluminados
Pelos sonhos que seriam frustrados

Antes da chuva
Eu tinha sonhos

                            DEPOIS DA CHUVA

Eu já dei tudo que tinha pra dar
Até mesmo minhas sombras
Meu calvário
Os passos que eu tinha pra me encontrar

Já se foi a vida que eu sonhava por aqui
As montanhas de Machu Picchu
A mensagem de vida eterna
Que eu nem mesmo vi ou ouvi

Já sumiram minhas chagas
Rasgadas
No rincão onde nasci
Chagas que nunca pude sentir

Eu dei tudo que pude por aqui
Não sobrevivi
Não senti a magia do beija-flor
Nem mesmo morri
Na solidão em que vivi

terça-feira, 7 de setembro de 2010

PASSOS NO QUINTAL (CONTO)




PASSOS NO QUINTAL

A madrugada já estava avançada quando foi despertado pelo pesadelo que
Infligia seu sono. O quarto estava iluminado por uma tênue luz do abajur na cabeceira ao lado da cama. Levantou-se, calçou os pequenos chinelos e caminhou para fora do quarto. O corredor estava escuro, mas conseguia enxergar a escada. Desceu devagar, degrau por degrau, ainda assustado pelo pesadelo que o despertou no meio da noite. Chegou na sala que também encontrava-se na penumbra e seguiu devagar, quase que tateando as paredes em direção à porta.
A noite estava fria e caía uma chuva fina. A porta foi aberta e o pequeno menino apareceu timidamente, sentindo o frescor na varanda, seus olhos estavam sonolentos e sua face deixava transparecer um certo temor. Caminhou lentamente para o quintal, ouvindo as vozes da noite que sussurravam seus temores, suas fantasias, sua esperança de alcançar a liberdade que está tão distante ainda. Parou no meio do quintal, próximo ao balanço, que viajava de um lado para o outro, empurrado pelo vento, e sentou-se na grama para brincar com as pedras sem importar-se com a chuva fina que molhava seu rosto. As pedras subiam e desciam seguidas pelo olhar e aparadas pelas pequenas mãos antes de tocar o solo. As pedras subiam e desciam levando-o sonhar através das estrelas escondidas pelas nuvens, pela chuva que refrescava sua alma. Deixou as pedras de lado, levantou-se e seguiu caminhando. O portão estava à sua frente, era só abrir e a liberdade da rua estaria inteira, vacilou um instante, imaginando que os monstros lá de fora, da rua, da vida, poderiam ser piores que os que habitavam seu quarto. Adormeceu no gramado, cansado de procurar uma saída, de ser prisioneiro do castigo no quarto escuro, habitado pelos monstros das histórias infantis feitas e contadas para ninar crianças, onde os pesadelos entravam com o vento pela janela

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

sábado, 4 de setembro de 2010

GABRIELA BOECHAT (Homenagem a artista plástica e amiga)





Os quadros acima são:
NERUDA
RODA DA FORTUNA
VÍRUS DO AMOR


Gabriela Boechat nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 1975 mas desde criança tem morado em várias cidades e estados diferentes , estando aqui na baixada fluminense há 5 anos, primeiro em Belford Roxo e mais recentemente em Nova Iguaçú.
Professora da rede municipal de Mesquita, licenciada em educação física , Gabriela atua como artista plástica e mais recentemente começou a escrever poesias.
Com sua exposição Arte Mundo, já esteve no Centro Cultural Donana e atualmente seus quadros estão em exposição no Bistrô em Caxias.
A convite do poeta Arnoldo Pimentel ilustrou o livro "Ventos na Primavera" com o quadro homônimo e logo em seguida fez a ilustração da capa da Zine da 7° edição da Gambiarra Profana , fazendo parte do grupo com suas pinturas.
Foi descoberta pelo poeta Arnoldo Pimentel que se tornou um grande amigo e " achou" realmente sua tribo com o grupo Gambiarra Profana e Pó de poesia...


Conheci você por acaso, assim que começou a se relacionar com o pessoal do Gambiarra Profana, gostei de cara de seus quadros quando os vi em seu blog e então começamos uma amizade, pedi que fizesse um quadro para ilustrar meu livro, foi quando nasceu seu quadro “Ventos na Primavera”, praticamente junto com o quadro “Nu da Minha Voz” para a música do Sérgio e que também é capa do zine 07 do Gambiarra e tive uma felicidade muito grande ao apresentar você ao Centro Cultural Donana para você expor seus quadros e estou muito feliz por você está conseguindo caminhar e mostrar sua arte e também por estar caminhando na poesia. Sei que é um começo, mas acredito no seu talento e sei chegará longe com sua arte e para nós do Gambiarra Profana e do Po-de-Poesia é um honra tê-la como amiga e companheira.

A INIMIGA
Autora: Gabriela Boechat


Aprendi
Da maneira mais gentil
Que minha inimiga mora aqui
Em meu ouvido esquerdo.
É ela que fala do medo,
É ela que ri descontrolada
Quando a mão que afaga bate,
Quando a mão que bate afaga
No costume da madrugada
Na hora do seu sono...
Na hora do meu sono.
É ela que sai do nada vestida de guerra
Prega assim a lança em meu ombro
Me causa espanto
Tinha esquecido dessa gana de ir!
Mas pior é quando em remanso ela chora encolhida
É assim quando sem nada explicar, meu amado me manda ir...


AQUARELA (Poesia dedicada a Gabriela Boechat)
Autor: Arnoldo Pimentel
Eu pinto sonhos que nem sempre têm asas
Sonhos vividos
Sonhos esquecidos
Sonhos que poderão viver na minha tela
Na minha triste aquarela

Minha tela pode estar pintada de vazio
Silêncio vazio
Cores incolores que mostram meu rosto
Tela vazia incolor que inspira minhas cores

Eu pinto meus temores na madrugada
Onde a tempestade é a verdadeira tela
Onde a solidão disfarçada
Invade o meu quarto pela janela

Eu pinto a solidão do meu corpo
Pinto as cores da minha voz nua
Pinto meus olhos perdidos no infinito
Minha tela é meu próprio grito

BLOGS DA GABRIELA
http:artemundogabriela.blogspot.com
http:professoragabrielaboechat.blogspot.com