Edicões Gambiarra Profana/Folha Cultural Pataxó




"Minha Poesia não usa vestes para se camuflar, é livre e nua" (Arnoldo Pimentel)

"Censurar ninguém se atreverá, meu canto já nasceu livre" (Sérgio Salles-Oigers)

"Gambiarra Profana, poesia sem propriedade privada, livre como a vida, leve como pedra em passeata" (Fabiano Soares da Silva)

"Se eu matar todos os meus demônios, os anjos podem morrer também" (Tenneessee Williams)

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

OS DIAS E AS NOITES


Não quero parecer triste
Mas estou com receio
De estar seguindo lentamente
Como num barco a remo
"Rumo ao Farol"
À caminho das trevas
Tenho medo de abocanhar o anzol
Que a solidão atirou
Para conquistar-me por inteiro
Todas as tardes
Procuro esconder-me da noite
Fugir do feixe de luz
Que insiste em iluminar minha vida
Fico embaixo das cobertas
Tentando evitar ser invadido
Pelas nuvens da desesperança
Evito despir-me para meus pensamentos
Minhas cobertas são minha ilha
Minha ilha sem farol
Não quero que me vejam
Que encontrem minha alma
Nos rochedos que as águas
Vão banhar
Durante
Os dias e as noites
Que ainda estão por vir

sábado, 15 de agosto de 2009

HORIZONTE DOS SEUS OLHOS


Aconteceu sem eu perceber
Não cativei você
Tive medo de abraçar
Tive medo de amar

Mergulhei no mar de arbustos
Soprei um vento no seu rosto
Pra você ficar distante
Das minhas mãos vazias

Tive medo de acariciar sua vida
De amar seu infinito
De viver seu paraíso

Tive medo de abraçar
De mergulhar
No horizonte dos seus olhos

PÉTALAS DE ESTRELAS


Bem que eu poderia
Ir a saturno
Levar junto os tempos remotos
O disco de juno

Bem que eu poderia
Cortar o espaço
Olhar-te das nuvens
Colher pétalas de estrelas

Bem que eu poderia
Pegar um cinema
Esquecer o soluço contido
O filme perdido

AZUL PISCINA


E se eu descobrir
Que posso acreditar
E se eu descobrir
Que posso andar

Que posso olhar
E fazer-me melhor
Tocar meu rosto
E encontrar um tesouro

E se eu descobrir
Que meu retrato não ficou apenas na memória
Caminhou e ganhou o mundo
Sem lembrar o que ficou pra trás

E se eu descobrir
Que meu polvilho não é azedo
É doce
Como minha alma

CORAÇÕES DESESPERADOS


Casas nuas e vazias
Paredes brancas
Na rua deserta coberta de poeira

Olhos tristonhos
Do sol que se escondeu
Na vereda escura sem soleira

Sonhos rasgados

Corações desesperados

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

VENTOS NA PRIMAVERA


Olhei através
Da cerca de arame
E vi que no seu quintal
Brilha o sol
Que brilha no meu quintal

Um sol de igualdade
Apesar dos ventos
Apesar da sorte
Em saber amar
Através do olhar

Espero colher frutas
E repartir
Sentir as flores
E sorrir
No meu lado da terra

Espero colher na primavera
A semente que plantei
Através do olhar no arame
E sentir que o sol é o mesmo
Se o inverno passar